domingo, 14 de novembro de 2010

20 dúvidas mais importantes sobre a inclusão.

As soluções para os dilemas que o gestor enfrenta ao receber alunos com deficiência


Foi a favor da diversidade e pensando no direito de todos de aprender que a Lei nº 7.853 (que obriga todas as escolas a aceitar matrículas de alunos com deficiência e transforma em crime a recusa a esse direito) foi aprovada em 1989 e regulamentada em 1999. Graças a isso, o número de crianças e jovens com deficiência nas salas de aula regulares não para de crescer: em 2001, eram 81 mil; em 2002, 110 mil; e 2009, mais de 386 mil – aí incluídas as deficiências, o Transtorno Global do Desenvolvimento e as altas habilidades.

Hoje, boa parte das escolas tem estudantes assim. Mas você tem certeza de que oferece um atendimento adequado e promove o desenvolvimento deles? Muitos gestores ainda não sabem como atender às demandas específicas e, apesar de acolher essas crianças e jovens, ainda têm dúvidas em relação à eficácia da inclusão, ao trabalho de convencimento dos pais (de alunos com e sem deficiência) e da equipe, à adaptação do espaço e dos materiais pedagógicos e aos procedimentos administrativos necessários.

Para quebrar antigos paradigmas e incluir de verdade, todo diretor tem um papel central. Afinal, é da gestão escolar que partem as decisões sobre a formação dos professores, as mudanças estruturais e as relações com os familiares.Você encontra respostas para as 20 dúvidas mais importantes sobre a inclusão.
1. Como ter certeza de que um aluno com deficiência está apto a frequentar a escola?
Aos olhos da lei, essa questão não existe – todos têm esse direito. Só em alguns casos é necessária uma autorização dos profissionais de saúde que atendem essa criança. É dever do estado oferecer ainda uma pessoa para ajudar a cuidar desse aluno e todos os equipamentos específicos necessários.Cabe ao gestor oferecer as condições adequadas conforme a realidade de sua escola.

2. As turmas que têm alunos com deficiência devem ser menores?
Sim, pois grupos pequenos (com ou sem alunos de inclusão) favorecem a aprendizagem. Em classes numerosas, os professores encontram mais dificuldade para flexibilizar as atividades e perceber as necessidades e habilidades de cada um.

3. Quantos alunos com deficiência podem ser colocados na mesma sala?
Não há uma regra em relação a isso, mas em geral existem dois ou, em alguns casos, três por sala. Vale lembrar que a proporção de pessoas com deficiência é de 8 a 10% do total da população.

4. Para tornar a escola inclusiva, o que compete às diversas esferas de governo?
O governo federal presta assistência técnica e financeira aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios para o acesso dos alunos e a formação de professores, secretária de Educação Especial do Ministério da Educação (MEC). Os gestores estaduais e municipais organizam sistemas de ensino voltados à diversidade, firmam e fiscalizam parcerias com instituições especializadas e administram os recursos que vêm do governo federal.

5. Quem tem deficiência aprende mesmo?
Sem dúvida. Sempre há avanços, seja qual for a deficiência. Surdos e cegos, por exemplo, podem desenvolver a linguagem e o pensamento conceitual. Crianças com deficiência mental podem ter mais dificuldade para se alfabetizar, mas adquirem a postura de estudante, conhecendo e incorporando regras sociais e desenvolvendo habilidades como a oralidade e o reconhecimento de sinais gráficos.É importante entender que a escola não deve, necessariamente, determinar o que e quando esse aluno vai aprender. Nesses casos, o gestor precisa rever a relação entre currículo, tempo e espaço.

6. Ao promover a inclusão, é preciso rever o projeto político pedagógico (PPP) e o currículo da escola?
Sim. O PPP deve contemplar o atendimento à diversidade e o aparato que a equipe terá para atender e ensinar a todos. Já o currículo deve prever a flexibilização das atividades (com mais recursos visuais, sonoros e táteis) para contemplar as diversas necessidades.

7. Em que turma o aluno com deficiência deve ser matriculado?
Junto com as crianças da mesma idade.As deficiências física, visual e auditiva não costumam representar um problema, pois em geral permitem que o estudante acompanhe o ritmo da turma. Já os que têm deficiência intelectual exigem que o gestor consulte profissionais especializados ao tomar essa decisão. Um aluno com atraso desenvolvimento cognitivo(intelectual), por exemplo, pode se beneficiar ficando com um grupo de idade inferior à dele (no máximo, três anos de diferença). Mas essa decisão tem de ser tomada caso a caso.

8. Alunos com deficiência atrapalham a qualidade de ensino em uma turma?
Não, ao contrário. Hoje, sabe-se que todos aprendem de forma diferente e que uma atenção individual do professor a determinado estudante não prejudica o grupo. Daí a necessidade de atender às necessidades de todos, contemplar as diversas habilidades e não valorizar a homogeneidade e a competição.

9. Como os alunos de inclusão devem ser avaliados?
De acordo com os próprios avanços e nunca mediante critérios comparativos.Os professores devem receber formação para observar e considerar o desenvolvimento individual, mesmo que ele fuja dos critérios previstos para o resto do grupo. Quando o estudante acompanha o ritmo da turma, basta fazer as adaptações, como uma prova em braile para os cegos.

10. A nota da escola nas avaliações externas cai quando ela tem estudantes com deficiência?
Em princípio, não. Porém há certa polêmica em relação aos casos de deficiência intelectual. O MEC afirma que não há impacto significativo na nota. Já os especialistas dizem o contrário.O ideal seria ter provas adaptadas dentro da escola ou, ao menos, uma monitoria para que os alunos pudessem realizá-las. Tudo isso, é claro, com a devida regulamentação governamental. Enquanto isso não acontece, cabe aos gestores debater essas questões com a equipe e levá-las à Secretaria de Educação.

11. É possível solicitar o apoio de pessoal especializado?
Mais do que possível, é necessário. O aluno tem direito à Educação regular em seu turno e ao atendimento especializado, responsabilidade que não compete ao professor de sala. Para tanto, o gestor pode buscar informações na Secretaria de Educação Especial,profissionais especializados e em organizações não governamentais, associações e universidades

12. Como integrar o trabalho do professor ao do especialista?
Disponibilizando tempo e espaço para que eles se encontrem e compartilhem informações. Essa integração é fundamental para o processo de inclusão e cabe ao diretor e ao coordenador pedagógico garantir que ela ocorra nos horários de trabalho pedagógico coletivo.

13. Como lidar com as inseguranças dos professores?
Promovendo encontros de formação e discussões em que sejam apresentadas as novas concepções sobre a inclusão (que falam, sobretudo, das possibilidades de aprendizagem). O contato com teorias e práticas pedagógicas transforma o posicionamento do professor em relação à Educação inclusiva. Nesses encontros, não devem ser discutidas apenas características das deficiências. Apostamos pouco na capacidade desses alunos porque gastamos muito tempo tentando entender o que eles têm, em vez de conhecer as experiências pelas quais já passaram.

14. Como preparar os funcionários para lidar com a inclusão?
Formação na própria escola é a solução, em encontros que permitam que eles exponham dificuldades e tirem dúvidas. Esse diálogo é uma maneira de mudar a forma de ver a questão: em vez de atender essas crianças por boa vontade, é importante mostrar que essa demanda exige a dedicação de todos os profissionais da escola.É possível também oferecer uma orientação individual e ficar atento às ofertas de formação das Secretarias de Educação.

15. Como trabalhar com os alunos a chegada de colegas de inclusão?
Em casos de deficiências mais complexas, é recomendável orientar professores e funcionários a conversar com as turmas sobre as mudanças que estão por vir, como a colocação de uma carteira adaptada na classe ou a presença de um intérprete durante as aulas. Quando a inclusão está incorporada ao dia a dia da escola, esses procedimentos se tornam menos necessários.

16. O que fazer quando o aluno com deficiência é agressivo?
A equipe gestora deve investigar a origem do problema junto aos professores e aos profissionais que acompanham esse estudante.Pode ser que o planejamento não esteja contemplando a participação dele nas atividades. Nesse caso, cabe ao gestor rever com a equipe a proposta de inclusão. Se a questão envolve reclamações de pais de alunos que tenham sido vítimas de agressão, o ideal é convidar as famílias para uma conversa.

17. O que fazer quando a criança com deficiência é alvo de bullying?
É preciso elaborar um projeto institucional para envolver os alunos e a comunidade e reforçar o trabalho de formação de valores.

18. Os pais precisam ser avisados que há um aluno com deficiência na mesma turma de seu filho?
Não necessariamente. O importante é contar às famílias, no ato da matrícula. A exceção são os alunos com quadro mais severo – nesses casos, a inclusão dá mais resultado se as famílias são informadas em encontros com professores e gestores.Isso porque as crianças passam a levar informações para casa, como a de que o colega usa fralda ou baba. E, em vez de se alarmar, os pais poderão dialogar.

19. Como lidar com a resistência dos pais de alunos sem deficiência?
O argumento mais forte é o da lei, que prevê a matrícula de alunos com deficiência em escolas regulares. Outro caminho é apresentar a nova concepção educacional que fundamenta e explica a inclusão como um processo de mão dupla, em que todos, com deficiência ou não, aprendem pela interação e diversidade.

20. Uma criança com deficiência mora na vizinhança, mas não vai à escola. O que fazer?
Alertar a família de que a matrícula é obrigatória. Ainda há preconceito, vergonha e insegurança por parte dos pais. Quebrar resistências exige mostrar os benefícios que a criança terá e que ela será bem cuidada. Os períodos de adaptação, em que os pais ficam na escola nos primeiros dias, também ajudam. Se houver recusa em fazer a matrícula, é preciso avisar o Conselho Tutelar e, em último caso, o Ministério Público.

10 comentários:

  1. Oi johanna,

    Sou terapeuta ocupacional e adoro seu blog!
    Vou iniciar o trabalho de TO em escolas com enfoque na inclusão!

    Sempre que possível poste sobre o assunto, para nos ajudar!

    PARABÉNS PELO BLOG!

    Sucesso!!!

    Margaret

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  2. oi Margaret,
    obrigada pelo seu carinho.
    manda o seu email para enviar novas postagens do Blog.
    abraços
    Johanna

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  3. Johanna... Desde que conheci seu blog a cada dia fico mais encantada com seu trabalho... Sou pedagoga e atualmente faço pós em Ed. Especial Inclusiva. E também sou apaixonada por artesanato e jogos. Quando visito seu blog em busca de algo que possa me ajudar em sala de aula, fico maravilhada com as sugestões e com as informações... Sempre vejo um jogo e tento adaptá-lo para as necessidades da minha turma. Parabénssssssssss... Meu e-mail de contato é pedacinhosdealegria@hotmail.com
    Obrigada por tanta dedicação!!! Abraços, Natália

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  4. Oi Natália,
    Muito obrigada pelo seu carinho.Fiquei muito feliz com seu comentário.Depois,coloca fotos no seu blog dos jogos.
    beijos
    Johanna

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  5. Olá Johanna, tudo bem? Meu nome é Amanda sou terapeuta ocupacional e me tornei fã de seu blog ....que é simplesmente DEMAIS...cada dia que entro e me informo sinto mais orgulho da profissão que escolhi. Bom , estou ingressando agora na área de inclusao e estou prestes a fazer uma parceria com escolas para poder trabalhar a inclusao, porém estou com dificukdades para engajar na área, como apresentar projetos e tal, gostaria de saber se voce poderia me dar uma ajuda, algumas dicas?!
    Desde já te agradeço.
    Abraços
    Amanda Bim

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  6. Johanna Parabéns pelo blog! Seu blog é fantástico! Sou Hérika, estudante de psicologia vou entrar no 6º período, adoro o curso que faço! Gostaria de saber se seria possível você me enviar algumas idéias para ser trabalhadas com alunos especiais, pois estou para começar a estagiar no CRECE agora em julho, e estou sem idéias, lá há alunos com diversas síndromes! Desde já, agradeço! Meu email é herika_pink@hotmail.com
    Abraços! :)

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  7. OI Johanna, tenho uma filha de 10 anos AUTISTA, e este ano ela vai começar a estudar na rede regular, tenho muitas preocupações proveniente de mãe cuidadosa, pois até então ela só estudava na Pestalozzi com uma professora q é quase mãe, pois está com ela desde os 6 anos, o pessoal da Pestalozzi (profissionais que a acompanham FONO, PSICO, PEDAGOGA E PROFESSORA) se prontificaram a dar assistência na escola em Lívia foi matriculada, mas ainda assim tenho vontade de ajudar e fazer parte dessa nova caminhada da minha pequena, só não sei como, encontrar seu blog foi uma bênção de Deus, gostaria q vc me orientasse em como posso ser útil nessa nova faze da vida da minha filha. Ah, gostaria tbm de alguma dicas para trabalhar com ela e os meu outros filhos pois tenho 5 filhos ao todo de 11, 10(Lívia), 8, 4 e 1 ano e 2 meses, atividades q eu possa fazer com todos, meu email: selma.ma.i@hotmail.com. Bjus.

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  8. oi, adorei esta postagem sou pedagoga e trabalho com educação especial,estou tentando montar um blog(atividade de um curso que estou fazendo).quero saber se posso compartilhar alguma postagem sua em meu blog e como faço. aguardo resposta. meu email é denizecury@yahoo.com.br

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  9. Olá Johanna. Não sou T.O., mas sou mãe de um Autista e de uma criança com PC. Amo o seu blog, é didático, ajuda mesmo sem enrolação. Pretendo começar um trabalho voluntário na escola de meu filho, pois percebo que há muito despreparo. Então ao invés de só cobrar e criticar, resolvi de fato tentar ajudá-los no processo de inclusão. Desta forma, seu blog vai me ajudar muito!

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